Olá!
Percebi que muitos tem dúvidas sobre a greve que está ocorrendo.
Muitos gostam de espalhar boatos, que as vezes se tornam tão famosos que passam a ser ‘oficial’
Outros, não buscam informações e divulgam coisas que não tem a menor relação com a greve
E por isso, resolvi juntar tudo o que sei aqui e ajudar a você, caro leitor.
Acredito que isso dê um texto longo, então prepare-se para ler
(Não se esqueça que eu sou um aluno comum, então, não espere que eu saiba tudo)
Como tudo começou:
Foi no dia 13 de maio de 2011 em que os professores começaram a primeira greve[1]
Da nossa região, entraram nessa greve, a Etec Rubens de Faria e Souza, Etec Fernando Prestes, Etec de Votorantim e a Fatec Sorocaba e Fatec Jundaí. Cerca de 7.240 alunos foram afetados pela greve. O percentual de adesão das ETECs e FATECs no Estado foi de 70 ETECs e 16 FATECs, no total, há 198 ETECs e 49 FATECs no Estado.[2]
O motivo principal da greve era a falta de reajuste salarial que, de acordo com os servidores, não acontece desde 2005.
O Sindicato dos Trabalhadores do Centro Paula Souza (SINTEPS) tentou por alguns meses negociar com o governo, mas não houve resultados, e então decretou um movimento de greve.
Não se esqueça que no mesmo mês o governo havia decretado um aumento de 42,2% no salário-base de professores da Secretaria de Educação, porém, o Centro Paula Souza é vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, então esse aumento não valia para funcionários do Centro Paula Souza.[3]
Então o governo decretou um aumento de 11,1% para os professores do CEETEPS
“Estamos sem aumento há seis anos e um reajuste de 11% não repõe nada. Não dá para voltar ao trabalho desse jeito. ”
Essa foi a resposta do vice-presidente do Sinteps, Salvador dos Santos Filho. [4]
O CEETEPS em 2011 tinha 246 unidades espalhadas pelo Estado inteiro, era uma vergonha eles serem desvalorizados desse modo.
E o pior, o Centro Paula Souza encobria muita coisa e não defendia os professores, o que gerou uma revolta contra o próprio Centro.
Então, exatamente 1 mês depois, a greve acabou, depois de muita negociação entre o Sinteps e o governo de Sp.[5]
O então governador Geraldo Alckmin, anunciou uma reunião para apresentar os propostas, e o Sinteps suspendeu a greve, porém deixou avisado que se eles não gostassem do plano, eles iriam fazer outra greve em agosto de 2011.
A reunião aconteceu, o governo apresentou alguns bônus, um novo reajuste e o mais importante: Um novo plano de carreira.[6]
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O que é o plano de carreira?
Plano de carreira é quando você está em um emprego, há um programa de treinamento, avaliação, estudo, para que você consiga progredir no emprego.
Numa empresa, o funcionário é avaliado pelo seu desempenho, seu contato com as pessoas, se ele atinge as metas, sua produtividade, no caso do comércio, se ele atende bem, entre vários outros fatores. assim, os melhores funcionários podem ter a oportunidade de progredir com o passar do tempo.
O problema é quando isso se trata de funcionários públicos.
Na área publica, você não pode avaliar se um funcionário é bom só pelo fato dele atender mais clientes, por ele liberar mais processos ou por indicar pra que lado fica o elevador.
Por isso os funcionários públicos lutam tanto pelo plano de carreira.
É o único meio que eles tem para progredir!
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Em 2013
Nesse ano, o Sinteps não deixou o governo quieto.
Durante todo ano houveram várias reuniões e negociações.
Foi construída uma proposta considerada razoável por ambas as partes, que deixava de fora várias reivindicações ,a fim de agilizar o andamento e ver o plano em ativa anda naquele ano.
Porém, o governo ficou enrolando e não enviou o projeto para a Assembléia Legislativa.
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A greve de 2014
Dia 17 de Fevereiro de 2014 iniciou-se outra greve dos professores do Centro Paula Souza. Dessa vez eles estão cobrando de Alckmin o acordo não cumprido.[7] [8] [9]
Desde 2011 o governo vem planejando o novo plano de carreira!
Desde 2011!!
O processo vem se arrastando há mais de três anos, quando uma empresa privada foi contratada para elaborar um plano único de cargos e salários para professores e funcionários.
Desde junho do ano passado o documento está parado na Secretaria Estadual de Gestão.
O governo pagou para uma empresa fazer o plano de carreira e até então o documento ainda não tinha sido enviado para a Assembleia Legislativa!
No dia 12 de fevereiro, o Sintesp declarou oficialmente ao CEETEPS que uma greve poderia acontecer.
Então no dia 18/02/2014 o Sinteps declarou guerra greve.
Ao todo, 108 das 266 Etec do estado e 25 das 56 Fatec aderiram a grave.[10]
Como se fosse mágica, o governo do estado de SP em 16 dias conseguiu fazer o que não fizeram em 3 anos: Encaminhar o plano para a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp)
Então, cabe aos deputados votar a proposta e remetê-la de volta ao governo estadual para ser sancionada.
E lógico, foram feitos vários protestos para tentar acelerar esse processo.[11][12][13][14][15][16][17]
Porém, o novo plano enviado a Alesp está cerca de 12% diferente do original.
Segundo o sindicato “trata-se de uma alteração a Lei complementar n°1044 de 13/05/2008, ou seja, a categoria de docentes e funcionários não está sendo atendida em suas reivindicações, sequer ao que foi negociado entre o sindicato da categoria e o Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza (CEETEPS)”.
Porém, o novo plano enviado a Alesp está cerca de 12% diferente do original, o novo projeto foi modificado pelo governo e a categoria luta pelas emendas para complementá-lo, várias emendas já foram aprovadas com o auxilio de deputados.
“Houve rebaixamento nas tabelas salariais que haviam sido negociadas, além de vários direitos que foram cortados, como licença maternidade de 180, Sexta Parte, auxílio alimentação, auxílio transporte, entre outros.”
Tânia Bernadete Vendrasco, membro do conselho de greve do Sinteps
E não para por aí!
Mesmo sofrendo assédio moral – com ameaças de corte de ponto e muito constrangimento – e pressão do governo, os trabalhadores prosseguem com a mobilização por melhores condições de trabalho e plano de carreira sem retirada de direitos trabalhistas.
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Acho injusto meu filho ficar sem aula por causa da greve
Você acha justo que o governo te enrole por 3 anos, com promessas e nunca cumprir?
Acha justo você ter que ir trabalhar sem ter um auxílio alimentação ou auxílio transporte?
Acha justo você pagar impostos para eles não serem investidos como deveria ser?
Por acaso você seu filho estudou pra passar no vestibulinho e ter aula com os professores que tem os menores salários da Educação Profissional e Tecnológica do Brasil? [19]
E com salários baixos e um plano de carreira ruim, os professores preferem prestar concurso para dar aula em uma escola municipal ou estadual, o que acaba prejudicando seu filho.
Se o Sindicato encerrar com a greve agora, as chances do governo não atender os pedidos ainda menores, eles não podem recuar nessa batalha![20]
Sim, eu sei que é horrível não ter aula, ficar com conteúdo pendente, ter que repor depois mas, esses são problemas que temos que passar para poder melhorar!
Além do mais: Existem váarios sites na internet que podem te ajudar!
Aproveite que está livre para estudar as matérias que tem mais dificuldade, ir na casa de amigos estudar, ler livros que se pede no vestibular…
Reclamar que está sem aula sendo que você tem a opção de poder estudar na sua casa é algo estúpido!
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O que posso fazer pra ajudar os professores nessa greve?
Você pode encher a paciência do pessoal da ouvidoria do CEETEPS ou ainda pode ajudar assinando abaixo-assinados, mandando e-mail para deputados e outros modos foram listados pelo Sinteps, confira como clicando aqui.
Você ainda pode ver muitas informações sobre a greve no side do Sindicato dos Trabalhadores do Centro Paula Souza (Siteps). Lá você pode ver informações como por exemplo noticias do site, quadro de adesão, material da imprensa, imagens da greve a ainda mais coisas…
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Fontes:
[1] – Blog do 3ºC – Greve de Professores e Funcionários completa um mês hoje
[2] – Jornal Cruzeiro do Sul (12/05/12) – Funcionários do Centro Paula Souza iniciam greve amanhã
[3] – CNTE – SP anuncia aumento de 42% para professores nos próximos 4 anos
[4] – G1 – Em greve, professores das Fatecs e Etecs fazem protesto na Av. Paulista
[5] – Folha de S. Paulo- Sem acordo, greve de professores completa 30 dias em SP
[6] – Maria Frô ativismo – Professores das ETECs e FATECs de São Paulo fazem ato hoje no Vão Livre do Masp
[7] – G1 Sorocaba – Greve de professores deixa Fatec e Etecs sem aulas em Sorocaba
[8] – G1 São Carlos – Greve de professores deixa 2,5 mil alunos de Etecs sem aula em Mococa
[9] – Estadão – Trabalhadores de Etecs e Fatecs entram em greve
[10] – Educação Uol – Sem acordo, greve de professores completa 30 dias em SP
[11] Jornal Cruzeiro do Sul (21/02/14) – Professores e alunos fazem passeata no Centro
[12] Jornal Cruzeiro do Sul (15/03/14) – Alunos e professores fazem passeata
[13] G1 Bauru (18/02) – Após greve, estudantes da Etec e Fatec fazem protesto em Ourinhos
[14] G1 Rio Preto (21/02) Alunos e professores da Etec em Catanduva protestam por melhorias
[15] G1 SP (25/02) – Protesto ocupa faixa e causa lentidão na Avenida Paulista
[16] Folha de S. Paulo (11/03) Protesto de professores da ETEC ocupa ruas na região da Paulista
[17] Terra – Com protestos, governo de SP inaugura Etec e Fatec na região central
[18] Sinteps – Carta aberta à comunidade das ETECs e FATECs
[19] Sind. do metalúrgicos – Sem plano de carreira, professores das Etecs mantêm greve
[20]Rede Brasil Atual – Professores de Etecs preveem retrocesso em plano de carreira
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Obrigado! 🙂